segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Vociferar

Vozes que ofendem o silêncio
de palavras inauditas
e provocam risos em platéias
cujas mãos dilaceradas
nada podem fazer
além de aplaudirem ao nada
que lhes restou.

sábado, 11 de julho de 2009

Do inferno ao céu

Ao amanhecer e receber a visita do sol no quarto do hospital, a cada batimento errante do meu coração, penso em como poderia ter sido a minha vida se algumas vezes tivesse escutado a “Santa Prudência”, que tantas vezes me pediu para que a visitasse, e eu com os "ouvidos tão cegos" nunca lhe retribui, nem com uma desculpa mal contada. Agora estou aqui, acompanhado pelos meus calafrios homeopáticos, que não me deixam esquecer nem de mim mesmo. Sempre tive medo de sentir estranha tranquilidade e monotonia na face dos que me rodeavam, sempre quis causar furor na cara dos desavisados, por isso, nunca dei muita trela para os bons pensamentos. Tratei-os com bastante desdém. Desde menino, papai, homem de larga visão, dizia: ‘Menino traquino! Tu ainda vais apanhar da vida, se eu mesmo não tratar de te dar um corretivo’. E eu com a minha teimosia e inquietude continuava a peraltear. Era um daqueles meninos que parecia ter o capeta no corpo; não agüentava ver uma saia para logo levantar ou ver um pássaro para badogar. Já ia logo dizendo sem rodeios o que queria ser. Todos os meus colegas na escola citavam personalidades que referenciavam bons adjetivos para a sociedade, uns diziam que queriam ser médicos, outros bombeiros, e eu, sem me importar com todo aqueles sentimentalismos, falava em ser bandido, mas não desses meros ladrões de galinha ou de bolacha recheada de qualquer mercadinho de esquina... Almejava algo gigante! Como assaltar os cofres dos grandes bancos! Imaginava-me em um daqueles filmes da sessão da tarde em que minha mãe para me tapear, enquanto saia com o amante, me deixava assistindo. Enfim, acho que já os deixei um pouco inteirados sobre a trajetória da minha infância . Agora vamos para a ação. Como já disse, não queria ser nenhum bandido pé de chinelo, então, antes de iniciar, procurei assistir todos os bons filmes, ler todas as boas literaturas que tratassem do assunto e me especializar no manuseio de todas as armas de fogo que pudesse; queria ser um bandido entendido do assunto, afinal era a minha carreira que estava em jogo. Depois de ter me preparado. Estava na hora de procurar alguns elementos, que eu pudesse comandar e serem bons comandados, pois sempre se tem o cabeça mor de qualquer quadrilha de bons assaltantes, e é claro que esse seria eu. Então, realmente comecei a por em prática tudo aquilo que havia planejado. Era fascinante ver meu pensamento agindo, pulando da minha cabeça brilhante. Mas minha satisfação não era ferir ninguém, tinha prazer mesmo em sentir o pavor das vítimas, até o último grau de desespero, depois libertá-las para o seu mundinho entediante. Parecia que tinha nascido para aquilo. Muita bebida, charutos e mulheres a custa de otários que se apegam ao dinheiro como se este fosse o seu primeiro amor; era o mundo aos meus pés! Trabalhando em prol da minha agonia em vê-los ajoelhar aos pés da miséria. Até que um dia quando tudo parecia ir bem... Em um dos assaltos mais felizes da minha vida, pois estava assaltando um dos bancos mais bem seguros do país, quando terminando de amarrar as mãos de um dos reféns... Apareceu a polícia apontando todas as armas pra mim. E a minha primeira reação foi olhar ao meu redor e buscar um dos amedrontados para servir de escudo junto a mim, e a primeira pessoa em que vi foi uma mulher de cabelos dourados, e os olhos de céu ensolarado, que leve como uma flor caiu em meus braços sem reagir. E um dos policiais, em mais uma das célebres frases feitas do mundo do crime, falou: “Solta a moça ou atiro!”. Enquanto isso... No intervalo de tempo até a minha reação senti algo, que até aquele instante nunca tinha sentido, ao segurar e sentir o medo daquela moça, que desesperada em estar em meus braços, chorava... Pela primeira vez senti medo com o medo de alguém. Por isso... Jurei que se escapasse daquela, nunca mais iria fazer alguém ter medo de mim. Mas era tarde demais... O policial atirou... Um ano depois...
- Senhor Paulo, o senhor está bem? - Era uma visão familiar, pensei em algum momento estar no paraíso, mas já havia aprontado demais na vida para merecer aquilo. E foi aí que me deleitei a ouvir aquela voz macia destoando no ar... - O senhor passou algum tempo desacordado, foi trazido aqui por alguns homens que não se identificaram e o deixaram aqui. E então perguntei:
- Qual é o seu nome?
- Me chamo Céu, sou enfermeira aqui neste hospital, e estive cuidando do senhor, enquanto estava desacordado, foi atingido por uma bala que o deixou assim. Vi que era a chance de poder tentar recomeçar algo. E o resto vocês já podem prever, pois não é minha intenção contar nenhum romance.

sábado, 13 de junho de 2009

Instinto humano

Embriagados pela dor,
inertes,estancamos feridas...
Gargalhando a gargalhada do algoz,
saboreando as lágrimas dos inocentes
e respeitando-os com um minuto de silêncio...
Tragando a vida e juntando as cinzas
de nossas frustrações.
Almas que exalas brasas em chamas
e padecem solitárias na escuridão de sua carne,
empobrecidas pelo convencimento de sua face refletida.
Fitando a ausência do dia e alimentando-se
da agonia de uma ligeira monotonia...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Tudo que não quero...

Tudo que não quero é o tédio de
ser aprisionado pelos pensamentos alheios,
que tentam escravizar minhas emoções.
Ser a causa e o efeito de mim mesmo!
Ser tudo ou nada sempre!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

“Pobres homens, pois não sabem o que fazem”.

Às vezes gosto de ficar em silêncio e escutar o que ninguém ouve.
Ou talvez... O que ninguém para pra ouvir.
Ver o branco papel, imaginar algumas palavras para aliviar a alma, e assim sentir menos dor. Dói pra caralho viver neste mundo. Dói mais que uma dor de barriga.
Por isso escrevo. Preciso aliviar...
Tenho tendência a isolar-me das pessoas, não gosto de pessoas. Sei que também não sou perfeito, não seria hipócrita a esse ponto... Por isso, isolo-me.
A vida seria tão mais fácil se as pessoas soubessem qual é a ordem, e o sentido das suas medíocres vidas... Que não é somente o suprimento das suas inquietações carnais! Mas só se importam com as suas vaidades... Pois só se sentem como individuo, quando estão acima de outro, quando deixam seus semelhantes sentirem necessidade de vida. A vida que eles poderiam ter se tudo não girasse em torno de criaturas insensíveis, capazes de cometerem as maiores atrocidades, para sustentarem o brilho das suas jóias caras, e dos seus whiskys com sabor de remédio amargo.
Uma espécie formada por uma cadeia involutiva, onde quem está no topo obtém o poder, e os que seguem abaixo, o sustentam, sendo mantidos inconscientes por aqueles que estão no topo.
Alguns indivíduos doaram grande parte de sua existência na terra procurando o verdadeiro sentido da vida, e consequentemente fazendo desse objetivo, um sentido para as suas vidas. Enquanto outros passaram suas vidas sendo conduzidos, porém achando-se donos dos seus próprios narizes. “Pobres homens, pois não sabem o que fazem”.